Thursday, February 14, 2013

14 de fevereiro - Quinta-feira de Cinzas - Purificação espiritual pelo jejum e penitência



Dos Sermões de São Leão Magno, papa
 (Sermo 6 de Quadragesima, 1-2: PL 54,285-287)              (Séc. V)

A purificação espiritual por meio do jejum e da misericórdia
Em todo tempo, amados filhos, a terra está repleta da misericórdia do Senhor (SI 32,5). À própria natureza é para todo fiel uma lição que o ensina a louvar a Deus, pois o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe proclamam a bondade e a onipotência de seu Criador; e a admirável beleza dos elementos postos a nosso serviço requer da criatura racional uma justa ação de graças.
 O retorno, porém, desses dias, que os mistérios da salva­ção humana marcaram de modo mais especial e que prece­dem imediatamente a festa da Páscoa, exige que nos prepa­remos com maior cuidado por meio de uma purificação espiritual.
 Na verdade, é próprio da solenidade pascal que a Igreja inteira se alegre com o perdão dos pecados. Não é apenas nos que renascem pelo santo batismo que ele se realiza, mas também naqueles que desde há muito são contados entre os filhos adotivos.
 É, sem dúvida, o banho da regeneração que nos torna criaturas novas; mas todos têm necessidade de se renovar a cada dia para evitarmos a ferrugem inerente à nossa condi­ção mortal, e não há ninguém que não deva se esforçar para progredir no caminho da perfeição; por isso, todos sem exceção, devemos empenhar-nos para que, no dia da reden­ção, pessoa alguma seja ainda encontrada nos vícios do passado.
 Por conseguinte, amados filhos, aquilo que cada cristão deve praticar em todo tempo, deve praticá-lo agora com maior zelo e piedade, para cumprir a prescrição, que remonta aos apóstolos, de jejuar quarenta dias, não somente reduzin­do os alimentos, mas sobretudo abstendo-se do pecado.
 A estes santos e razoáveis jejuns, nada virá juntar-se com maior proveito do que as esmolas. Sob o nome de obras de misericórdia, incluem-se muitas e louváveis ações de bondade; graças a elas, todos os fiéis podem manifestar igualmente os seus sentimentos, por mais diversos que se­jam os recursos de cada um. (…)
São inúmeras as obras de misericórdia, o que permite aos verdadeiros cristãos tomar parte na distribuição de es­molas, sejam eles ricos, possuidores de grandes bens, ou pobres, sem muitos recursos. Apesar de nem todos poderem ser iguais na possibilidade de dar, todos podem sê-lo na boa vontade que manifestam.

Reflexão pessoal


A Quaresma é um tempo de purificação espiritual: purificação interior e exterior.
Em primeiro lugar tomarmos consciência de criaturas amadas e transformadas pela água do Batismo, essa condição que nos lembra a dignidade de sermos filhos amados de Deus.
Em segundo lugar, todas as obras exteriores de piedade (jejum, esmola) têm como principal objetivo a nossa renovação espiritual. Os atos só por si até podem ser uma prisão. O objetivo desses atos, dessas obras de piedade, são sobretudo a misericórdia e a caridade.
Por muito ou pouco que tenhamos, não deixemos de fazer deste tempo de quaresma um tempo de partilha e atenção aos mais necessitados. Certamente que a nossa renovação espiritual também passa por aí.

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