Friday, February 15, 2013

15 Fevereiro - Sexta-feira de Cinzas - A oração, comunhão íntima com Deus



Das Homílias do Pseudo-Crisóstomo
(Supp., Hom. 6 de precatione: PG 64,462-466) (Séc. IV)

A oração é a luz da alma
A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem inter­rupção.
Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas - como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo - é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, tempe­radas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.
 A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.
 A oração é venerável mensageira que nos leva à presen­ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8,26). (…)
Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.

Reflexão pessoal

Um dos pilares fundamentais da vida cristã e também um dos exercícios quaresmais é a oração.
A oração vista sobretudo como relação. E uma relação requer o diálogo. São momentos privilegiados em que, saindo de nós mesmo, nos elevamos até Deus. É o aprofundar a minha amizade com Deus, que pode ser feitas de muitas formas e feitios. Posso me auxiliar da Palavra de Deus, de orações que já conheça e que quero fazer minhas, falando espontâneamente com Deus ou simplesmente estar… não dizer nada, marcando a presença.
Este tempo de Quaresma é propicio para que possas arranjar tempo para estar com ele, no silêncio do teu quarto, no silêncio de uma igreja, no rebuliço da cidade a caminho do emprego… Se Deus está em toda a parte (aprendíamos nós no catecismo antigamente!), todo o lugar habitado pelo ser humano pode ser lugar deste encontro.

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